sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Welcome to Incredible India

“Welcome to Incredible India” é o slogan de turismo na Índia. Ele está presente no papel da alfândega, nos aeroportos e quando fazem propaganda na TV. No inicio de novembro tive que voltar ao Brasil as pressas, mas vou começar do começo antes de entrar em detalhes.
Em setembro, durante minhas férias pela Grécia, recebi uma mensagem no meu celular dizendo que minha empresa queria entrar em contato comigo urgente por causa de um problema no visto.
Entrei em contato e fiquei sabendo que a Índia havia cancelado todos os vistos de negócio e que teria que voltar ao Brasil para tirar um novo. Entrei meu email para saber de mais detalhes.
Era dia 22 de setembro e o governo indiano emitiu uma carta dizendo que pessoas trabalhando com visto de negócio deveriam sair da Índia até dia 30 caso contrário seriam consideradas ilegais.
Depois de muito barulho, recebi um email do gerente de facilities aqui (mais conhecido com dificulties) dizendo que poderia voltar para Índia sem problemas que resolveriam o problemas daqui mesmo. Tentei obter mais detalhes, sem sucesso, nunca recebi uma resposta.
Cheguei, passei pela alfândega sem problemas. Na mesma semana deixei uma cópia do meu passaporte e fotos para entrar com os papeis necessários para legalizar a situação.
Nunca acreditei que realmente estava tudo bem. Conheço já o jeito do povo aqui, portanto fiquei fazendo um follow-up constante e sempre recebia a resposta “Não se preocupe, Sir. Está tudo certo!”.
Lógico que não estava. Novamente, no final do mês de outubro, mais precisamente dia 25, vieram com novos papeis para assinar. Disseram que precisariam entrar com uma representação em Delhi pedindo para autorizar minha permanência aqui até o final do ano para que eu pudesse voltar ao Brasil e tirar um novo visto. Caso nada disso acontecesse teria que sair da Índia antes do dia 31.
Adivinhem? Depois de muito enrolar e a tradicional burocracia indiana, vieram com a resposta que teria que sair da Índia até dia 31. Sabe que dia era? 30. Para atrapalhar mais ainda, nesse mesmo dia a impressa liberou uma nota dizendo que o visto seria novamente estendido até o final de novembro, então nos pediram para aguardar o dia seguinte para que a notícia se tornasse oficial.
Não se tornou oficial e no dia seguinte lá vamos nós saindo correndo da Índia como foragidos ou extraditados correm para um exílio.
No final foi bom. Voltamos ao Brasil revimos amigos e família, comemos churrasco. Mas toda a confusão, angústia de não ter idéia do que estava se passando poderia ter sido evitado se as pessoas tivessem um pouco mais de bom senso, agissem mais rápido e fossem mais transparentes. E também se o governo indiano não resolvesse de uma hora para outra tirar todo mundo do país, sem nenhum motivo claro.
Realmente, a Índia é “incredible”...

domingo, 25 de outubro de 2009

Goa

Dewali é o maior feriado do ano na índia (pelo menos em Baroda). Com isso aproveitei para fazer a primeira viagem dentro da Índia. A expectativa de conhecer outros lugares e entender se o Bafodão realmente representa a Índia ou não, impulsionou a viagem.
O destino escolhido foi Goa. Goa é o estado colonizado pelos portugueses. Na verdade, na época das grandes navegações funcionava como um porto, uma parada entre a China e a Europa. Hoje é o menor estado da Índia e, não, o português não é a língua oficial.
Escolhemos esse destino porque tem praia e é um lugar reconhecido pela beleza, resorts e local de descanso de celebridades, hollywoodianas ou bollywoodianas. Portanto consideramos ser um bom lugar para começar a explorar a Índia.
A viagem começa, claro, pelo vôo. Voar de dia pela Índia, ainda mais sobre o litoral, é muito interessante. A quantidade de rios, deltas, desembocando no oceano torna a paisagem muito bonita.
Chegamos a Goa que possui apenas um aeroporto em todo o estado. Mais uns 40 minutos de viagem de carro em direção ao norte para chegar ao local onde nos hospedaríamos. Logo na saída vimos dois elefantes. Pela primeira vez vi elefante pessoalmente aqui na Índia!
O caminho foi legal, a paisagem de Goa é muito parecida com a do Brasil e muito conservada. Mata fechada com uma estreita estrada de mão dupla conectando as diferentes vilas.
Chegamos a Calangute, vila que nos hospedamos. Ficamos num lugar tipo uma pousada, mas era um apartamento grande, com divisão entre o quarto e sala e cozinha. O lugar era limpo e bem ajeitado. Aqui na Índia ou você paga uma fortuna para se hospedar em resorts e hotéis 5 estrelas ou paga caro para ficar em locais como esse. Todas as outras opções não são confiáveis, você pode ir por sua conta e risco.
Chegamos já era final de tarde e resolvemos ir até a praia para conhecê-la. A praia estava apenas a cinco minutos de caminhada e, ao chegarmos, avistamos um larga faixa de areia fina e branca, um mar bonito com poucas ondas que quebravam bem perto da areia. A praia era muito bonita.
O ponto de interrogações ficou porque, em nossas buscas da internet, diziam que essa era a praia mais agitada de Goa. Mas não vimos infra-estrutura para esse agito. Apenas um bar estava na beira da areia e não se via outro por perto.
Decidimos então caminhar em direção a uma concentração de pessoas que avistamos no horizonte. Esse talvez tenha sido o grande erro do primeiro dia, porque quebrou o encanto.
Explico o porquê: Goa é turístico, é bonito, mas ainda está na Índia. Nessa caminhada de uns cinco quilômetros a inconveniência e insistência dos vendedores indianos com estrangeiros aflorou, a sujeira e a complacência com a sujeira (algumas garrafas no beira-mar e sacos, sapatos, chinelos na areia) ficou clara, cachorros (inúmeros) passeavam, mijavam e cagavam na areia, sem contar que “no agito” que vimos de longe só haviam indianos e algumas vacas, também da areia.
Mas tudo bem, a situação não era tão ruim assim. Pudemos ver algumas coisas engraçadas. A maioria dos indianos vai de roupa para praia, não só vão como entram de roupa na água. Alguns poucos homens (sem noção) acham que cueca é sunga e ficam assim. Vimos uma família inteira de roupa da água com toca de natação na cabeça, mulheres de sári e algumas de roupa e lenço, todos se divertindo. Indiano, em geral, (falo isso pelo povo aqui de Baroda e pelo o que eu vi por lá) não sabe nadar então eles ficam na areia, sentados, recebendo ondas, como crianças. O melhor foi o aluguel de jet-ski: você aluga para dar uma volta, mas o motorista vem junto. Você senta, ele se posiciona atrás de você e ele dirige! Você só recebe o vento e água na cara.
No dia seguinte resolvemos caminhar na direção oposta dessa muvuca. Perdemos um tempo driblando uns vendedores e começamos a caminhada. Queríamos ver se tinha alguma coisa diferente. Tudo igual! Em uns oito quilômetros vimos dois bares e só. No final da praia havia um resort, descansamos ali ao lado por alguns minutos e resolvemos voltar.
Um parêntese para esse dia. Meu sundown, brasileiro e companheiro de todas as horas, havia acabado. Na noite anterior compramos um Banana Boat, americano então deve ser bom. Uma bosta! Ao final do segundo dia estava todo queimado, vermelho igual pimenta.
No dia seguinte, e último dia, passamos o dia no bar, na beira da praia e na sombra. Minhas queimaduras pioraram e só o calor já me fazia sentir cozido. A grande vantagem de estar em Goa foi essa: o bar. Tomar uma cerveja sem burocracia e em público é até mais gostoso.
Então voltamos a realidade do Bafodão na segunda-feira de manhã. Passei segunda e terça me recuperando das queimaduras e o outros dias descascando, deixando pedaços de pele onde quer que eu fosse.
A experiência foi legal. Foi uma boa viagem, nos hospedamos em um lugar legal, tinha praia com a água na mais perfeita temperatura, bar com cerveja. E para mim, esses três pontos superam qualquer outro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Happy Dewali!

Dewali - também conhecido por Deepawli - é o maior feriado da India. É considerado o ano novo deles apesar de não ter uma passagem de ano (ninguém responde que ano estamos entrando). É o festival das luzes e cores, eles acendem velas, iluminam as casas e prédio de maneira muito parecida ao que a gente faz no natal e soltam fogos e bombinhas. Fazendo o paralelo, seria como uma festa de São João, Natal e Ano Novo integrados. O que mais me chamou a atenção foi um campeonato de Rangoli promovido para os funcionários da Alstom. Ragoli são desenhos feitos não chãos, com uma espécie de areia colorida, muitas vezes complementados com pétalas de flores e velas. O processo é teoricamente simples: faz-se um desenho no chão com giz e depois se começa a colori-lo. Mas o processo de dar cor ao desenho é feito, em sua maior parte, com a mão. Foi isso que me impressionou na criação. Ela não dá direito ao erro. Errou é muito difícil tirar a areia que já está lá. Outra coisa que também me fascina é a contradição do povo indiano. As mesmas pessoas que fizeram esses desenhos são pessoas que em seu trabalho não tem capricho algum, fazem sempre o mínimo funcional possível. Talvez o meu trabalho seja descobrir como tirar deles a mesma dedicação e cuidado para se fazer um Ragoli em seus dias de trabalho. Abaixo vocês podem ver os três primeiro lugares, em seqüência, no concurso da Alstom. Repito: Não é tinta, é uma areia colorida.

Grécia


Viver na Índia me proporciona certas coisas que provavelmente eu não poderia fazer ou faria mais tarde, em outra fase da minha vida. Uma dessas coisas foi a viagem para à Grécia nessas últimas férias. Dividimos os dias entre Atenas, Mikonos, Paros e Santorine, essas três últimas são ilhas turísticas.
Atenas é uma cidade muito legal. É incrível encontrar monumentos que estão de pé a mais de 2000 anos. Fico pensado o que construímos hoje que ainda estará aqui no ano 4000 dc? Acredito que nada. Outro lado bom de Atenas é sentar no bar e tomar uma cerveja. A parte turística da cidade é dividida em vielas nas quais se concentram lojas de lembranças, bares e restaurantes. Só de comer o Gyros Pitta, tradicional sanduíche grego, já vale a pena a visita.
Seguimos para Mikonos, a mais badalada das ilhas em que ficamos. Mikonos tem praias bonitas e uma vida noturna agitada. Tem festa na praia e no centrinho. Todas as casas da ilha são iguais – brancas com telhado azul – nenhuma colada nas outras. Algumas pequenas capelas familiares – essas com telhado vermelho – também são legais de serem vistas já que todas apontam suas portas para o por do sol.
Paros foi a que ficamos menos tempo e enfrentamos o pior clima. Frio e alguma chuva fizeram parte da nossa estadia. Mesmo assim pudemos aproveitar a praia pelas tardes. Tinha um porto onde ficamos, Naoussa, muito bonito com bares e restaurantes que não deixavam nada a desejar. Não conhecemos muito a ilhas, mas a impressão que deixou é que na alta temporada deve ser bom para passar o dia na praia nos bares que só funcionam nessa época do ano.
E, por último, Santorine. Santorine é uma bela ilha com uma geografia muito diferente (talvez por ser uma ilha vulcânica). Fomos a duas praias, as duas de areia preta e uma de pedras. Observamos o famoso por do sol de Oia (leia-se Ía) que realmente é bonito – curiosidade: após o por do sol as pessoas aplaudem o espetáculo.
Enfim, a Grécia é um lugar de boas praias, boa comida e bom entretenimento. Encontram-se pessoas de todos os tipos e todas as idades. Uma viagem para se fazer em qualquer época, do ano ou da vida, e sem duvida uma ótima viagem para se fazer a dois.

domingo, 13 de setembro de 2009

A Felicidade Está nas Pequenas Coisas

Semana passada, após sair do trabalho, fui ao supermercado. Apenas uma passada rápida e despretensiosa para comprar pão.
Qual não foi minha surpresa quando me deparei com uma baguete no supermercado. Acho que nunca comentei isso, mas pão aqui, só de forma. Ou aqueles pães de hambúrguer ou cachorro-quente. Mas pão francês, baguete, até então nunca tinha visto.
Lógico que comprei! Comer o mesmo tipo de pão todos os dias não é fácil, ainda mais se for um insosso pão de forma.
Já estava feliz quando resolvi dar uma passada pelo freezer “non-veg”. O mesmo freezer que passara duas semanas cheio de ervilhas (isso mesmo: ervilhas! Só não me pergunte o porquê) estava cheio de produtos não vegetarianos. Então comprei lasanha congelada (raridade por aqui), carne de carneiro moída – que na mesma semana foi consumida num delicioso macarrão à bolonhesa – e salame de frango. SALAME! Sabe o que é isso em Baroda?! Extrema raridade! Seria como achar ovo de páscoa em novembro aí no Brasil.
Esse dia voltei feliz para casa. Muito feliz! Aí que a gente vê que a felicidade está nas pequenas coisas do dia-a-dia, coisas que você nem percebe que fazem tanta falta.

domingo, 23 de agosto de 2009

Escassez

Viver aqui em na Índia, mais especificamente em Baroda é ter que se adaptar. Não adianta chegar aqui esperando encontrar as mesmas facilidades que no Brasil. Aqui há escassez de várias coisas, por exemplo:
Papel Higiênico: tem, mas não é sempre e nem em todo o lugar. Para vocês terem uma idéia no maior supermercado de Baroda não vende e nos supermercados que vendem não tem todas as semanas.
Supermercado que funciona como supermercado: indiano não se dá bem com padrões. Nenhum supermercado aqui funciona com o princípio de supermercado mesmo. O que quero dizer é que se você encontra o que quer uma vez, não vai encontrar sempre, é bom comprar para estoque. Os produtos não são sempre os mesmos e eles esperam o estoque chegar à zero para então fazer uma nova ordem de compra.
Padrão: aqui isso não parece ter sentido. Padronizar processos, produtos, serviços não é uma prática por aqui. Nem o Mcdonalds funciona como fast-food aqui. Você escolhe seu lanche, eles anotam o seu pedido, você paga, aí eles mandam você sentar que um garçom vai levar a comida para sua mesa. Nunca tem sanduiche na prateleira!
Simplicidade: nada aqui é tão simples. Água na minha casa, por exemplo. Um serviço extremamente básico que eu não consigo entender. Em algumas torneiras a água vem da rua. Mas todos os dias, por um certo período ela deixa de funcionar. Em outras a água vem da caixa, que não enche automaticamente, eu tenho que ligar uma bomba que manda a água de um poço para a caixa. Mas as vezes não tem água nesse poço também, parece que vem só uma vez por dia.
Mas não é só de escassez que se vive aqui, tem também muitos excessos...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Caminho das Índias

Nessas minhas últimas férias no Brasil tive que responder a várias questões sobre a novela da global “Caminho das Índias”. Todos queriam saber se é verdade isso, se acontece assim, se isso tem mesmo. Duas coisas são importantes entender para começar a responder qualquer pergunta.
Primeiro que é uma novela e, como novela, existe uma dramatização em cima da realidade. Ou seja, as coisas são exageradas e “encaixadas” no contexto que a história permite. Segundo que a Índia é um país grande, mais ou menos um terço do tamanho do Brasil, com diferentes culturas e tão fortes que os costumes e idiomas variam de acordo com o estado.
Para entender o que quero dizer responda a seguinte pergunta: qual novela representa melhor o Brasil: Pantanal, Renascer, O Rei do Gado, América, Top Model ou Senhora do Destino? A resposta correta seria todas. Pantanal, Bahia, no Mato Grosso, interior de São Paulo, Rio de Janeiro e São Paulo representam, cada um a sua maneira, o nosso país, a nossa cultura.
De qualquer maneira aqui se vão algumas respostas para as perguntas mais comuns que escutei, todas elas respondidas em relação à Baroda, lugar onde vivo.
Nem todas as mulheres se vestem de Sari. Normalmente esses trajes são usados pelas mulheres mais velhas e pelas mais pobres. Aqui as mais jovens usam tipo uma bata e calça larga, mas também se vestem de maneira ocidental, de calça jeans e camiseta.
Os homens não se vestem daquele jeito, nem os mais velhos, nem os mais novos. Aqueles trajes mostrados na novela são para ocasiões especiais como festivais e casamentos. Homens aqui estão quase sempre de calça e camisa social, não importa a classe social ou a ocasião. Os mais jovens também se vestem de maneira ocidental.
Não existe mais casta. Ao menos não oficialmente. Foi proibida por lei há algumas dezenas de anos atrás. Mas, obviamente, deixou marcas na sociedade – assim como a escravidão no Brasil. Hoje ,eles as vezes se referem a “comunidade”, comunidade brahmanes por exemplo, na qual se mantém as tradições do passado recente mas sem a forte discriminação que existia antes.
Sim! As vacas estão nas ruas. E são em número bem maior que a novela mostra. Elas estão por toda a parte, deitam e dormem no meio das ruas, reviram lixos e comem mato o dia todo. São adoradas, mas não intocáveis (só não matam e não comem, mas já vi jogando pedra e batendo). Elas são criadas e tocadas para dar leite. Muitas das vacas que estão nas ruas têm donos que as soltam durante o dia para comer e a noite as recolhem. Algumas também pertencem a templos. Depois que ficam velhas e, portanto, improdutivas, são abandonadas.
Essas foram as perguntas mais repetentes, mas se quiser saber mais alguma coisa deixe seu recado.

domingo, 26 de julho de 2009

Let's go to the cinema?

Esse final de semana pela primeira vez fui ao cinema aqui em Baroda. Posso dizer que foi uma experiência boa e com algumas coisas interessantes.
Queriamos ver Harry Potter e fomos advertidos para não pegar sessões no período da tarde e noite porque são uma bagunça. Compramos o convite via internet (modernidade) e depois de alguns instantes recebemos uma mensagem no celular com o número da reserva e ingressos comprados (mais modernidade ainda).
O detalhe interessante é que aqui o cinema tem lugar marcado, você compra o assento que quer sentar para ver o filme. Chegamos ao cinema, apresentamos a mensagem no celular, assinei um papel (tem que ter uma burocracia, senão não é Índia) e pegamos nossos ingressos.
Entramos na sala, achamos nossos lugares e esperamos o filme começar. Aqui não tem propaganda, não tem aviso e não tem trailer. O filme simplesmente começa. No meio do filme, de repente as luzes se acendem e o filme é cortado para um intervalo (cinema aqui tem intervalo, eu já sabia disso). O tempo foi curto, uns 10 minutos depois o filme voltou. Lógico que o pessoal que tinha saído para pegar mais pipoca e refrigerante não tinha voltado. O pessoal foi aparecendo conforme o filme foi passando.
Quanto à infra-estrutura tudo é bom. Boas cadeiras, boa tela, bom sistema de som, volume um pouco alto, boa temperatura ambiente. Somente um problema: muito indiano no cinema. Isso significa que as pessoas conversam durante o filme, celulares tocam, as pessoas atendem o celular e falam alto, não discretamente.
Mas no final a experiência foi boa. Próximo filme interessante que tiver passando repetirei a dose.

domingo, 19 de julho de 2009

Soccer Sunday Sport (SSS)

Essa semana descobri que todos os domingos estão rolando partidas de futebol em uma escola perto da minha casa. Mal descobri já fui convidado para participar e me tornei um SSS member.
Hoje fui jogar pela primeira vez e, apesar de totalmente fora de forma e sem ritmo de jogo, entre indianos, canadenses, franceses e poloneses, digamos que joguei muito bem.
Os caras não têm ginga, como o futebol europeu nos mostra, mas tem boa visão de jogo e bons passes. Os mais pernas-de-pau são mais perdidos, assim como os pernas-de-pau do Brasil. Mas no final deu uma boa pelada, ficamos jogando por umas duas horas.
Agora resta esperar o próximo domingo para ver se meu desempenho será o mesmo ou foi sorte da estréia.

sábado, 11 de julho de 2009

Dê Férias Para Sua Cabeça

Ah... Férias! A palavra férias sempre acompanha um sorriso. As vezes de alegria, as vezes de sacanagem (com os outros) e as vezes amarelo (de inveja dos outros). Não conheço ninguém que chore quando fale de suas férias.
Não que trabalhar seja ruim. Muito pelo contrário. Acredito que se você não é feliz fazendo o que faz é porque está no lugar errado. Deve procurar outro ambiente, outro trabalho, outra profissão talvez.
Mas a verdade é que se tratando de mim, nesse atual momento, férias representam mais que um descanso do trabalho, mas também um descanso para a cabeça. Toda as diferenças culturais, sociais que me cansam e que, por vezes, compartilho aqui, são deixadas para trás (literalmente).
Nessas férias, que seriam de duas semanas, voltei para o Brasil. Aproveitei! Revi família, amigos, comi carne, comi feijão, tomei cerveja, tomei vinho, senti frio (aqui até frio faz falta), dirigi!
Na semana que deveria estar de volta, tive uma reunião de trabalho em Paris. Só dois dias de reunião para cinco dias em Paris. E aproveitei mais um pouco. Passeei mais e fui à alguns lugares que não havia ido antes.
Me hospedei na casa do Deco, o que foi muito bom pois pude sentir um pouco mais da atmosfera parisiense. Fiz compras, piquenique no parque, com franceses inclusive. Isso me fez ter mais certeza da vontade de um dia viver por lá. Talvez não em Paris, mas pela Europa.
Cheguei de volta à Índia na última segunda-feira, só deu tempo de me readaptar ao fuso, rever o que está acontecendo no trabalho e relembrar o tempo de chuvas que passei o ano passado. Mas esse já é outro assunto.

domingo, 31 de maio de 2009

Cabelo! Cabelo! Cabeleira!

Cortar os cabelos é um ato de fé. Você vai a um lugar normalmente branco e perfumado com cara de paraíso. Senta em uma cadeira que te eleva a um nível mais alto (mais perto do céu). Nesse momento te colocam um avental e fazem um ajuste que reduz a oxigenação do seu cérebro a 50% do normal. E então vem o verdadeiro ato de fé: você entrega a sua cabeça e cabelos a um desconhecido com uma tesoura na mão.
É importante entender que depois de cortado o cabelo, não tem volta. Aquela tradicional cerimônia de mostrar a sua nuca através de um jogo de espelhos é uma mera formalidade. Se ficou ruim já era. Você passará um a dois meses usando gel, boné, gorro e qualquer outro artefato que possa disfarçar o desastre que se assolou em seu cabelo.
Essa situação fica ainda pior quando você está em outro país onde os cortes de cabelos são diferentes e dificilmente você encontrará um cabeleireiro que te entenda.
O ano passado, nos meu sete meses de Índia, raspei – eu mesmo – sistematicamente minha cabeça. Tinha minha máquina, me colocava na frente do espelho e começava um processo que durava aproximadamente uma hora entre forrar o chão raspar a cabeça e, ao final, dar uma limpada no ambiente.
Esse ano, devido à presença da mulher por aqui, a possibilidade de manter meu visual rasputim foi vetada. Sendo assim, depois de algumas semanas sofrendo com uma juba digna de leões africanos me arrisquei e fui cortá-la.
As opções aqui são várias, vão desde espelhos pendurados em arvores com uma cadeira na frente, passando por caixotes de madeira com o hairstylist dentro e salões de beleza profissionais. O preço varia de Rs20,00 à Rs400,00 (de R$1,00 a R$20,00).
Resolvi ir à um salãozinho no shopping. Paguei meus R$10,00 pelo corte com direito a lavagem. Mais do que nunca foi uma ato de monitoramento contínuo a cada tesourada eu fazia uma avaliação do que estava acontecendo, quase não pisquei.
Mas no final foi bom. Bom, não como deveria, mas bom. Mas, como ato de fé também exige segurança, o salão ganhou um cliente. A próxima vez que precisar irei lá, talvez um pouco mais relaxado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Votar é um direito de todos

Essa frase, muito comum nos tempos de eleições no Brasil, se torna uma grande dificuldade quando falamos de Índia.
A Índia é a maior democracia do mundo com mais de 700 milhões de eleitores, direito dado àqueles com mais de 18 anos. Por esta razão eleições aqui é complicada, garantir urnas, contagem de votos, segurança para todos esses votos é uma grande operação.
A conseqüência disso é que o voto não é obrigatório e não existe um dia de eleição, mas sim um período eleitoral. Durante esse período, de quase um mês, estados e cidades votam em diferentes dias para eleger seu parlamento.
Como república parlamentarista o povo elege seu presidente e o parlamento. O presidente elege então o primeiro ministro que, após a aprovação do parlamento, toma posse e passa a governar o país. A figura do presidente é mais representativa, apesar de ele ser o chefe supremo das forças armadas e protocolar todas as leis propostas pelo parlamento.
Explicado o contexto começam as esquisitices e curiosidades.
Primeiro, há algum tempo, começou uma disputa sobre quem iria sediar a liga nacional de críquete indiana: Inglaterra ou África do Sul. Como assim? A liga nacional será realizada em outro país? Na época achei que era mais uma das loucuras da Índia, mas depois descobri que a polícia disse que não conseguiria garantir a segurança da liga e das eleições ao mesmo tempo. Continuei achando tudo meio louco, mas pelo menos tinha um motivo da loucura.
Depois descobri que, devido à alta corrupção, as policias trocam de estado para fazer a segurança da eleição. Seria como se a policia do Paraná fizesse a segurança das eleições em São Paulo para evitar fraudes eleitorais.
O dia das eleições aqui em Baroda, e acredito que em todo o estado de Gujarat, foi uma quinta-feira. Por causa disso não trabalhamos e os indianos foram cumprir seu dever cívico. Não entendendo porque não fizeram a eleição no final de semana – até então não tinha me ligado na quantidade de eleitores – pedi explicações e fui informado que a eleição era em diferentes dias dependendo da região porque não tem urna para todos. (Cara de pastel... Hein?!)
A última curiosidade é que quando o indiano vai votar ele tem que levar seus documentos, assim como no Brasil, ele só pode votar em uma zona eleitoral específica, assim como no Brasil, e, nessa eleição, foi introduzida a urna eletrônica, assim como no Brasil. Mas, lógico, tinha que ter alguma coisa fora do padrão. Após votar, para evitar que você vote mais de uma vez ou que vote pelos outros eles fazem uma marca no dedo indicador direito – razão que as mulheres não podem pintar essa unha no dia de votar –, com uma tinta que só sai uns 15 dias depois. Não podia ter um livro que você assina e pega o comprovante, evitando que você vote mais de uma vez, assim como no Brasil?...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sumiço!

Vim, Vi e Sumi! Hoje entrei no meu blog e vi que já fazem três meses que eu não posto nada. E o mais interessante: desde que voltei permanentemente para a Índia não coloquei mais nenhum informação. Ora essa! Mas o blog não era justamente para contar as coisas daqui?
A razão do sumiço se dá por vários fatores. O fato de eu ter voltado para gerenciar o processo de melhoria por aqui está fazendo com que eu trabalhe bem mais. Jornadas diárias de 9 ou 10 horas de trabalho são comuns (o Pasta deve estar muito orgulhoso de mim) e deixam menos tempo para usar a internet.
A vida de casado também te deixa com muito menos tempo de internet já que têm coisas mais divertidas para se fazer. E um terceiro motivo talvez fosse porque eu estava no hotel, com uma internet cobrada por hora e cara.
Agora vou tentar uma ressurreição, ver se coloco alguma coisa por aqui pelo menos uma vez por semana para vocês se divertirem. Tantas coisas se passaram e eu não contei: as eleições e a liga nacional de criquet, o trabalho, escolha da nova casa, o cotidiano e a nova Baroda que estou descobrindo aos poucos. Vamos ver se tiro o atraso...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Na Correria

No meio de toda essas decisões e coisas para organizar para o casório, tive que vir para Índia. A empresa estava com pressa para minha chegada, então combinamos que eu viria para cá e voltaria depois para casar.
Volto para o Brasil no final do mês para casar e me despedir do pessoal. Fico duas semanas por lá, então volto já para ficar aqui, a princípio, mais um ano. Terei duas semanas de férias a cada três meses, uma negociação melhor que minha primeira passagem por aqui. Na primeira férias voltarei para o Brasil, as outras ainda não sei, temos alguns lugares em vista, mais nada certo.
Acho que essa nova passagem será melhor que a primeira, pelo menos não estarei mais sozinho. Estou contente de estar de volta, apesar de todas as dificuldades de morar aqui, será uma nova fase da minha vida.

Enforcamento

O título é de sacanagem, só para provocar. Mas o fato é que para ir para Índia não se pode levar a “namorada”, mas sim a “esposa”.
Não é só apenas uma questão legal, já que para conseguir o visto só sendo esposa mesmo, mas é que chega um certo momento que a gente tem que oficializar as coisas. Por isso resolvemos casar.
Essa decisão implica em um monte de pequenas outras decisões. Temos criações e credos muito diferentes, então uma seqüência de negociações se seguiram – Fazer festa? Que tamanho? Onde? Como? Também se seguiram uma porção de descobertas: casar não é tão fácil, nem rápido, como aparecem nos filmes e novelas, tudo custa tempo e dinheiro.
Enfim, tudo está decidido e acertado. Casaremos em breve, com um pequeno almoço para família. Quando, um dia, voltarmos, aí faremos a cerimônia para dividir a festa com os amigos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

And... I'm back!

Pois é... Voltei da Índia dizendo que não moraria mais por lá. Poderia voltar para fazer um trabalho periódico, algo como uma semana por mês, mas o fato é que fui convidado para voltar e com uma proposta diferente da anterior.
Querem que eu volte para gerenciar todo esse processo de melhoria na fábrica. O trabalho que comecei a fazer se estendeu para outras áreas e, para Baroda, ainda falta algum tempo de implementação. A princípio queriam um trabalho de dois anos, como é meio difícil engolir isso de uma vez, pedi para que propusessem um trabalho de um ano prorrogável por mais um.
Enfim, o fato de ter sido convidado e de ser para gerenciar o processo, me fez gostar da idéia e abolir a minha intenção de não morar mais por lá. Só faltava uma coisa: para voltar não queria ir sozinho, afinal essa foi a pior coisa dos sete meses que fiquei por lá, dessa vez levaria minha namorada.