sábado, 24 de julho de 2010

Salvador x Índia

Minha amiga Janaelza resolveu se lançar em, pelo o que eu entendi, uma despretensiosa carreira jornalística. Para isso começou um blog sério, para comentar assuntos sérios e exigir, daqueles que deveriam olhar para o povo, aquilo que o povo quer.
O blog se chama Soteropoliando (http://soteropoliando.blogspot.com) e já estreou com uma matéria sobre ele em outro blog, o Nublog (http://www.nublog.com.br/). E sua primeira matéria sobre a cidade de Salvador, expos sua indignação sobre a falta de cuidado e planejamento dos governantes quanto aos buracos que se abrem no período de chuva.
Eu, como grande copião que sou, não poderia deixar de fazer um paralelo com esse “mundo paralelo” em que vivo. Por que a situação é muito parecida: a época de chuvas é sempre a mesma e o despreparo, ao que parece, também é o mesmo.
O agravante (tem que ter o agravante) é que aqui na Índia falta rua no buraco. Exatamente isso que você entendeu. Os tais buracos são tão grandes que cabe uma rua dentro. Faltam também as calçadas, bueiros e sistemas de escoamento.
O mais engraçado é que é uma cidade constantemente em obras. “It’s progress, Sir” – diz meu motorista. É um cava daqui, cava de lá, recava daqui durante todo o ano. E muitas vezes passado canalização para escoamento de água.
A perguntar que não quer calar é: escoar água de onde para onde??? O fato de não ter calçadas te impede de colocar bueiros. Afinal as laterais das ruas acabam em um terrão ou direto no muro de casas. Na primeira opção, logo na primeira chuva, o bueiro se entupiria de lama e, na segunda, ou passa carro ou faz bueiro.
Enfim, a novela se repete todo ano no período de chuvas: alagamentos. Dos menores, cerca de cinco centímetros de água, aos maiores, mais de meio metro.
O que não entra na minha cabeça é que os políticos, de maneira geral, são instruídos, viajados e, com certeza, já viram outro padrão de “instalações”. Mas mesmo assim não existe o esforço de se construir uma rua descente, com um sistema de escoamento descente.
Outro dia, conversando sobre corrupção no trabalho, eu disse que quanto maior o nível educacional de um país, menor será sua corrupção. Um jovem indiano, de maneira inocente, afirmou que os políticos corruptos quase sempre são estudados e mesmo assim aceitam propina. Mas o problema não está na educação do que é corrompido, mas sim, daquele que vê e não reage. Não busca o seu direito de cidadão.
Pois bem, no caso das condições aqui de Baroda (e de praticamente toda a Índia) o problema começa na reivindicação. As pessoas, primeiro têm que se incomodar com a situação, depois exigir seus direitos, para então algum político fazer a vontade do povo.
O que, voltando para Salvador, torna a situação ainda mais indignante. Conheço Salvador só de passagem, mas, com certeza, o nível educacional e cultural da cidade para exigir seus direitos e benefícios é maior do que aqui na Índia.
Portanto, parabéns a Jana pela iniciativa de expor e exigir o direito de todos. Boa sorte nessa sua nova aventura. E, quem sabe, um dia eu te vejo como comentarista social do Jornal Nacional... rsrsrs

sexta-feira, 23 de julho de 2010

É dado o apito final!

E acabou a Copa do Mundo (faz tempo, eu sei, mas só me inspirei para escrever hoje)! E, no final, os heróis do hexa não vieram. No lugar deles entrou uma nova seleção no “seleto grupo” de campeões mundiais: a Espanha
Dando uma visão geral, os personagens da primeira fase foram os técnicos: teve técnico abandonando coletivas logo no início, teve técnico dando beijinhos de boa sorte nos seus jogadores, teve técnico em total descontrole balbuciando palavrões durante toda a entrevista e teve até técnico tirando e comendo meleca durante o jogo.
A segunda fase ficou por conta dos árbritos. Esses, que já vinham distribuindo cartões amarelos demais na primeira fase, decidiram mostrar o poder da lambança e validar gol ilegal e legalizar gol não válido. Erros grosseiros que levantou mais uma vez a discussão sobre o uso de tecnologia no futebol.
Quanto ao novo campeão, para mim, jogou o futebol de resultados, e não o espetacular toque de bola refinado que todos exaltavam antes da copa. Ganhou todos os jogos da segunda fase de 1x0 e não fez muito melhor na primeira. Jogou um futebol chato, sem grandes riscos, dribles ou jogadas. Mas tenho que admirar a paciência: ficar tocando a bola de um lado para o outro, em frente à área do adversário, até que esse adversário falhe e abra um espaço por onde um passe seguido de chute para o gol seja possível. Não é para qualquer time. Tem que estar preparado. De qualquer modo ficam meus parabéns.
Quanto à transmissão aqui na Índia: foi excelente! A ESPN ficou por conta da Copa do Mundo 100%, 24 horas por dia. Passavam os jogos ao vivo, reprisavam os jogos, faziam compactos, mostravam os melhores lances, os gols da rodada, análises táticas, entrevistas, enfim, impecável. Até na última rodada da primeira fase, quando tivemos dois jogos ao mesmo tempo, o outro canal de esporte transmitiu o outro jogo em paralelo.
Só senti um pouco de falta da emoção dos narradores e comentaristas brasileiros durante o jogo. Essa narração inglesa, fria de tal maneira que nem grita gol, as vezes é triste...

domingo, 11 de julho de 2010

Coisas que aprendi na Índia - IX

Você sabia que a maneira de dirigir influencia na maneira de caminhar? Aqui na Índia quando estamos vindo de encontro à alguém eles tendem a desviar para a esquerda (mão inglesa) e nós tendemos a desviar para a direita. Imaginem o tanto de encontrões que já não dei por aqui.
Só falta alguém que já morou na Inglaterra me confirmar se isso também acontece por lá.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Today India Very Trouble

“Today India very trouble, Sir!” – essa foi a frase que ouvi ontem do meu motorista, logo pela manhã. A razão disso foi uma greve coordenada pela Índia.
Tudo começou na última quinta-feira quando os rumores que haveria uma greve na segunda-feira começaram a rolar pela fábrica. Na sexta-feira veio a confirmação: segunda-feira teria uma greve nacional, de todos os sindicatos, contra o aumento no preço dos combustíveis e alguns alimentos básicos.
E como teríamos um dia de greve precisaríamos repor no sábado - que nessa semana seria folga. Começam então as coisas que não entendo: o sentido da greve é penalizar a empresa e/ou governo. A perda de dinheiro com um dia de greve é para fazer qualquer um pensar se vale a pena atender certas reivindicações ou não. Agora, substituindo o dia trabalhado por um outro, a greve perde totalmente o sentido.
Enfim, sábado teve trabalho e segunda-feira não. Dia perfeito para se planejar almoçar fora e dar uma volta pela “grande” Baroda e, quem sabe, pegar um cinema. Foi quando liguei para meu motorista logo pela manhã para avisar que horas queria que ele chegasse e também para buscar minha empregada antes de vir.
Recebi então a informação do caos que havia se espalhado pelas ruas. O partido da oposição, que atualmente governa o estado onde eu moro, aproveitou para colocar mais força na greve.
As pessoas foram para as ruas e não deixaram que nenhum ônibus circulasse, também pararam os riquixás que carregavam passageiros e faziam com que todos descessem. Os lojistas que tentaram abrir suas lojas foram forçados a aderir à greve e até mesmo o cinema, que estava funcionando, foi obrigado a encerrar sua operação no meio da sessão.
Quase que “barricadas” de cinqüenta à cem pessoas se localizaram em pontos chaves da cidade para garantir que ninguém trabalhasse.
Nisso meu almoço, passeio, cinema e até mesmo a empregada dançou, não a deixariam trabalhar. Passamos o dia trancados em casa, sem muito que fazer, refém do alvoroço que se formou pelas ruas.
Hoje, tudo normal, como se nada tivesse acontecido...

domingo, 4 de julho de 2010

Alegria de chuva dura pouco

Essa semana as monções finalmente chegaram. A primeira chuva se deu na sexta-feira e o tempo está fechado e chuvoso desde então. A chuva trouxe aquele gostoso cheiro de grama e terra molhada  e baixou a temperatura, tornando o dia um pouco mais agradável.
Mas alegria de chuva dura pouco, mais precisamente 30 minutos. Logo na primeira chuva de verdade minha casa mostrou suas falhas para suportar os próximos dois meses. A varanda da minha casa alagou o que fez com que a escada se tornasse uma cachoeira. Foi água entrando em casa como se não existisse telhado (o vídeo dá pra ter uma idéia da situação).
Esse problema foi solucionado. Na verdade os dois minúsculos ralos da varanda – o cano deve ter uns 50 mm de diâmetro – estavam sujos e meio entupidos. Após a limpeza tem se comportado bem, pelo menos por agora.
A umidade também tomou conta das paredes e, em alguns lugares, do teto. Nada para se preocupar muito, afinal a casa não é minha e não sou eu quem terá que pintá-la novamente, mas estão lá. Apenas um ponto a umidade é tanta que a água chega a escorrer pela parede.
Minha maior preocupação é que em Agosto eu viajo. A casa tem um mês para mostrar todos os problemas e para que possam ser resolvidos. Não quero voltar de viagem e encontrar uma piscina ao invés da minha sala.