sábado, 29 de março de 2008

Coisas que aprendi na Índia - I

As vacas quando deitam, ao contrário de cães e gatos, deitam primeiro em cima das patas dianteiras e depois as traseiras. Deve ser por isso que nunca vi uma vaca "sentada".

terça-feira, 25 de março de 2008

Paixão Nacional

Escutando as palavras “paixão nacional” o que lhe vem à cabeça? Futebol, mulher ou cerveja. Se você não pensou em um desses três ou alguma coisa relacionada à um deles, você é um ponto fora da curva.
Aqui na Índia, paixão nacional é o criquet. Criquet nada mais é do que o jogo intermediário entre o beisebol e o taco, ou bets, que costumávamos jogar nas ruas quando criança. Um jogador lança a bola para acertar a “casinha” do time que está com o taco. Quem está com o taco tem que rebater e trocar de base para fazer pontos. A diferença entre o criquet e o “taco” é que no criquet o time que está lançando a bola tem vários jogadores pelo campo, assim como o beisebol.
A primeira vez que senti essa paixão indiana foi logo que cheguei, quando comentei que gostaria de ir à África do Sul assistir a copa do mundo, e qual não foi minha surpresa quando a resposta foi: “Que copa do mundo? De criquet?”. Como assim??? O cara nem sabia que a copa do mundo seria na África do Sul!!! Tive que explicar que quando nós, brasileiros, falamos copa do mundo sempre é de futebol. Se não for, falamos “copa do mundo de vôlei”, “copa do mundo de judô”, “copa do mundo de natação”. Afinal copa é A Copa, não tem outra.
Com os dias passando vi que aqui tem um canal de TV dedicado a jogos de criquet. Só passam jogos durante toda a programação. Os outros canais de esportes falam de criquet uns 80% do tempo. Futebol, só campeonato inglês, ou champions league, quando tem time inglês envolvido.
O jornal impresso também dedica as principais manchetes para o criquet e apenas pequenas notas para outros esportes. Fiquei impressionado quando cobriram a lesão do Ronaldo. Lógico que com uma pequena nota e uma foto, nada que merecesse mais atenção.
Mais tarde descobri que a Índia é a segunda maior potencia no esporte, só perde para Austrália. Seleção que outro dia a Índia derrotou dentro do seu próprio território na “copa do mundo de criquet”. Uma alegria para eles, mas muito longe das comemorações que fazemos depois de cada vitória na copa do mundo. Nada de festa, buzinasso e comemorações pelas ruas.
Estão longe da euforia, discussões intermináveis e marketing que envolve o futebol no Brasil. Aqui não se vê jogos entre clubes, um campeonato nacional ou uniforme dos times a venda. Aliás, até hoje não vi nem o uniforme da seleção a venda.
Acho que essa paixão nacional do indiano está mais para uma mania nacional. A verdade é que, mais do gostar e assistir, eles gostam mesmo é de jogar. Isso sim se vê a todo tempo em qualquer lugar.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Calor que até jegue na bunda "sua"

Passei uns quatros anos de faculdade escutando esse trocadilho e aqui na Índia todos os dias lembro-me dessa frase. Talvez agora o mais adequado seja “calor que até búfalo na bunda “sua””, afinal búfalos e vacas é o que não falta aqui.
Aparentemente a Índia tem três estações no ano: verão, verão molhado e extra-verão. Estamos, pelo calendário, no final do inverno e aqui faz um calor de uns 35oC todos os dias. É calor demais! Imagina como será o verão?
Sei que Julho é o mês das chuvas, passa um mês chovendo sem parar. São aquelas tais das monções que eu não prestei atenção nas aulas de geografia do 1º grau – quando que, naquela época, iria pensar que moraria na Índia? –. Fora dessa época não chove, pelo menos até agora não vi uma nuvem no céu.
Estou me preparando para o extra-verão. Quando a temperatura bater os 40oC eu aviso. Vai ser um período de choques térmicos entre o ar condicionado do escritório e o calor escaldante do chão-de-fábrica.
O negócio agora é sentar ao ar condicionado, se refrescar e esperar por mais calor...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Tata Nano

O Richárdão me perguntou e achei conveniente responder em aberto. A pergunta foi sobre o Tata Nano, que ganhou destaque na imprensa ao ser anunciado como o carro mais barato do mundo. O carro deve custar algo em torno de US$2.500,00, preço conquistado com corte de todos os itens de conforto, e porque não dizer alguns de segurança, e um motor que não passa de 30CV.
A verdade é que o engenheiro que um dia estava trabalhando na Tata e pensou – “porque não desenvolvemos o carro mais barato do mundo para torná-lo mais acessível?” –, não tinha a mínima idéia do que estava fazendo.
Para vocês entenderem o cenário: Já citei em uma postagem anterior que moto aqui na Índia é o carro da família. As pessoas andam em três adultos nas motos e diariamente vejo famílias, do tipo pai, mãe e duas crianças, em cima da mesma moto para se deslocarem pela cidade.
A pergunta que devemos fazer é: por que essas pessoas não têm carro? Com certeza não é por que acham menos seguro ou menos confortável. Eles não têm porque não podem ter! Não conseguem pagar por um.
Agora o que acontece quando se coloca no mercado um carro com preço competitivo ao de uma moto? As pessoas comprarão carros! Se o trânsito aqui já é caótico cheio de motos, imagina se todos usassem carros?
Como disse antes, as pessoas aqui não se respeitam no trânsito, muito menos os motociclistas. Muito provavelmente eles continuaram guiando os seus novos carros da mesma maneira que guiam suas motos e a Índia parará (coisa que já acontece nas grandes cidades).
Não estou dizendo que acho que as famílias têm que carregar suas crianças em suas motos mesmo – para falar a verdade é algo muito chocante ver bebês sendo prensados entre o pai e a mãe –, mas sim que a Índia ainda tem que investir muito em infra-estrutura, educação e fiscalização para poder colocar um carro com esse preço nas ruas.

terça-feira, 11 de março de 2008

Primeiro Mês

Hoje completo um mês morando aqui na Índia. Num balanço geral acho que as coisas estão muito boas. Na verdade, as coisas que eu achei que seriam difíceis estão sendo super fáceis e, as coisas que achava que seriam fáceis são as mais difíceis.
Toda aquela história de ficar doente, não conseguir comer a comida daqui e ter restrições quanto a água foram para o saco. Até hoje, não fiquei doente nem um dia, não tive nenhum surto de indigestão e bebo água o dia inteiro.
Como já disse antes, estou hospedado num hotel excelente, com uma estrutura muito boa e uma cozinha que sabe não exagerar no tempero quando você pede. Na fábrica, o mesmo hotel me envia um bom almoço todos os dias. As vezes o almoço cansa um pouco porque eles são cíclicos: de tempos em tempos repetem a mesma coisa. E não é um período grande. Mas realmente não tenho do que reclamar.
Quanto a ficar doente, o período das chuvas ainda não chegou, e acho que é nele que as doenças se espalham. Mas também não estou preocupado. Só terei que tomar mais cuidado com coisas cruas, porque podem se contaminar facilmente.
Por outro lado, ultimamente, acordo alguns dias cheio de saudades do Brasil. Saudade da namorada, família, amigos. Saudade de sair sextas e sábados e tomar uma cerveja gelada. Saudade de andar na rua e não ser importunado com um pedinte a cada 100 metros. Acho que a falta de vida social acaba atenuando tudo isso.
Hoje foi um dia desses, nessa data “comemorativa” passei o dia pensando no Brasil. Mas tudo bem, amanhã estou zero quilometro novamente. Nessa vida tudo passa, até uva passa...

sábado, 8 de março de 2008

Cabrito Apimentado


Ontem a noite fomos eu, Gustavo e Hercos, comer o famoso carneiro apimentado em um dos restaurantes do hotel Welcom. Comida muito boa, lugar muito legal. Uma excelente escolha!
Com certeza vou repetir a dose outras vezes.

quinta-feira, 6 de março de 2008

As três conchas

Um das mais freqüentes piadinhas que eu escutava antes de vir para Índia é o famoso rumor que os indianos limpam a bunda com a mão. Mitos do tipo “é por isso que eles só comem com a mão direita” e “nunca dê a mão esquerda para eles, é ofensivo” sempre acompanhavam a piada.
Aqui já me deram a mão esquerda algumas vezes, sem problema algum. Do mesmo jeito que nós, brasileiros, sempre cumprimentamos com a mão direita, aqui também se faz, a não ser que esta esteja ocupada, aí sim, se usa a esquerda.
Também não comem somente com a mão direita: quem é destro come com a direita, quem é canhoto come com a mão esquerda. O que eles fazem, e muito, é comer com a mão e não se preocupar muito com onde deixam a comida. Aqui no escritório, várias vezes os caras se juntam para comer um “spice”, tipo um salgadinho picante, jogam tudo em cima de um jornal velho e começam a comer.
A verdade que originou toda essa história é que os indianos não têm o hábito de usar papel higiênico. Os rolos aqui são mais caros que no Brasil e vem muito menos, deve ser 1/3 do tamanho.
Aqui, em todos os banheiros, tem o famoso balde (nojento, por sinal). Esse balde é, quase sempre, acompanhado de uma caneca. Quando não tem a caneca, os caras levam as suas. E eles usam isso para se limpar: balde, caneca, água e...mãos!
Acho que tudo isso é mais um rejeição à tecnologia do esguicho no banheiro do que uma grande porcaria. Está certo que o esguicho é muito mais higiênico, mas alguém tem coragem de usá-lo em lugares públicos? Ou seja, não é tão higiênico assim.
A grande pergunta que fica é: como é que os caras usam a caneca? Jogam a água? Como? De baixo para cima? Derramam? Não consigo imaginar. Ou melhor, começo a rir antes de arquitetar a imagem.Deve ser alguma coisa como “as três conchas” naquele filme em que o Stallone é descongelado no futuro e a única coisa que encontra no banheiro são três conchas, que não faz idéia como usá-las.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Passeio de Domingo

Semana passada chegaram mais dois brasileiros aqui no hotel e, ontem, saímos para dar uma volta na cidade. Na saída contei a eles sobre um palácio que existe na cidade, um dos poucos pontos turísticos aqui.
Decidimos ir até lá e descobrimos que tinha um museu também. Como digo: estrangeiro na Índia é rico, pelo menos essa é a mentalidade do povo aqui. A entrada para o museu era Rs25,00 ( 25 rupias) para indiano e Rs100,00 para estrangeiro. Na maior cara de pau! Com preço tabelado e tudo. Bom, pagamos Rs200,00 para o museu e o palácio, foi quando descobrimos que não poderíamos tirar foto lá dentro.
Ok! Não pode tirar foto beleza. Uma bosta, mas beleza. Entramos, rodamos o museu e no final nada demais. Bastante quadro – alguns muito bonitos – alguns vasos e estátuas. Mas nada que realmente definisse alguma coisa. Saí de lá sem saber se era um museu de artes, de história, ou se só juntaram várias coisas antigas em uma casa.
Então fomos ao palácio. Muito bonito, cheio de detalhes, mas só pudemos tirar fotos do lado de fora. Dentro também era um museu com uma exposição, do meu ponto de vista, mais legal. Várias armas antigas, desde armaduras feudais até as armas usadas pelos ingleses para dominar a Índia. Animais empalhados da época que seu antigo dono, um marajá da região, caçava e mandava empalhar.
Dentro e fora uma riqueza de detalhes e contornos impressionantes, todos em mármore, madeira ou marfim. Em um grande salão havia grandes vitrais onde estavam desenhados os deuses hindus.
Uma pena que a conservação e a exploração como lugar turístico deixava a desejar. Coisas mal cuidadas e falta de informação estavam lá. Apenas o primeiro andar do palácio é liberado ao público, os outros são fechados. Invés de deixarem o público explorar o passado, o deixam escondido, muito provavelmente, as traças.
Mas o passeio valeu! Só o fato de não passar o dia todo no hotel já foi bom. Agora, para terminar os passeios na cidade, falta apenas um zoológico para visitar. Vou fazer isso esse mês e depois busco outras coisas para fazer.

sábado, 1 de março de 2008

Macaco!!!

Meu blog tá parecendo previsão de Horóscopo Chinês - camelo, macaco -, mas não podia deixar de falar que ontem, finalmente eu vi um macaco aqui na fábrica.
Todos que passaram por aqui me falaram dos macacos. Diziam que são comuns, estão em todos os lugares: na fábrica, nas ruas, nas casas. Diziam também que não são pequenos, pintavam um macaco do tamanho de um orangotango.
Mas não tinha visto nenhum até ontem, quando estava indo embora da fábrica. Caceta! O bicho é grande mesmo! Lógico que não é do tamanho de um orangotango, está mais para um chimpanzé. Mas é um macaco com cauda, e isso foi o que mais me impressionou, ele deve ter quase 1,5m de cauda!
Vou atrás de um para tirar um foto e colocar aqui no blog.