segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Terceira fase: A Confirmação

Semana passada se confirmou minha ida. Com uma condição mais interessante: não vou para ficar um ano, mas sim, sete meses. Isso já melhora a situação. Vou, volto dois meses depois, passo uma semana no Brasil, mais dois meses lá, uma semana no Brasil, mais três meses por lá, volto de vez. A cada dois meses, durante uma semana, terá um dos meus chefes comigo por lá e, no último mês, terá outro consultor por lá comigo que assumirá o projeto.
Recebi a notícia, mas acho que não assimilei ainda. Só agora que estou começando a absorver que vou mesmo, para onde vou e o que tenho que fazer antes de ir.
Estou dando a notícia aos poucos, para evitar comentários de várias pessoas ao mesmo tempo. Sei que depois de dada a notícia serão dois meses de pura ansiedade, espera e muita coisa a se fazer.
Contrato de aluguel, venda de carro, guardar minhas coisas, fazer um check-up da minha saúde, visitar minha família no Rio de Janeiro, festa de despedida, etc. Isso só falando do lado pessoal, por que o profissional ainda tenho que terminar esses projetos pontuais que estou fazendo, entender o trabalho que foi feito aqui no Brasil para essa mesma empresa que vou trabalhar na Índia e outras pendências.
Planejo estar mais tempo perto da minha família, amigos e, principalmente, namorada. Mas ao mesmo tempo terei que estar longe e viajando por causa do trabalho.
Enfim, tenho que organizar minha vida. E é o que começo a fazer a partir dessa semana. Começando por esse blog que precisava dessas quatro postagens iniciais.

Segunda Fase: A Espera

As coisas que são para ontem, sempre se definem no amanhã.
Aquela pressa toda de uma semana para decidir, a viagem é para daqui a um mês, virou uma longa negociação. Uma negociação que causa uma ansiosidade não só em mim, mas todos aqueles que estão a minha volta. São os pais, irmão, amigos, namorada, todos te perguntando a todo tempo se já acertaram, quando vai, quando volta, se vai sair o projeto mesmo.
Além de ansioso, fiquei ocioso. Não quiseram me alocar em nenhum projeto para não ter que abandoná-lo caso a negociação desse certo. Comecei ajudando em pré-vendas, depois auxiliando outros projetos e, por último, surgiram alguns coachings. Ou seja, agenda confusa, muita viagem de carro e nenhum trabalho realmente executado por mim.
A espera também causa outros fenômenos: é mais tempo para escutar mais histórias sobre a Índia e mais tempo para pesquisar sobre isso. E foi o que fiz, busquei na internet toda e qualquer informação que podia: informações de geografia, história, cultura, lugares turísticos, a cidade que vou morar, fotos, vídeos, relatos de pessoas que vivem ou viveram por lá.
Cheguei a algumas conclusões: a Índia realmente é um país “ame ou odeie”. Os brasileiros que vivem por lá ou gostam muito, ou querem ir embora. Não existem opiniões indiferentes, tanto faz, ou dá na mesma. É um país de contrastes: muito rico e muito pobre, muito moderno e muito atrasado tudo ao mesmo tempo, depende para que lado da rua você olha.
Enfim, quando estiver lá poderei dizer isso com mais propriedade, se for verdade mesmo. E é isso que quero relatar aqui nesse blog, minhas percepções histórias e manter o contato com aqueles que hoje me cercam.

Primeira Fase: O Dilema

Quando se fala em morar na Índia para outras pessoas a primeira reação é um nariz torcido e a frase – “Nossa! Índia?! Sabe que lá eles limpam a bunda com a mão?” ou “Não vai poder comer carne, vaca lá é sagrada!”– mas o fato é que poucas pessoas realmente conhecem alguma coisa desse país.
De qualquer maneira, sei que a infra-estrutura da Índia deixa a desejar. E isso continua sendo minha maior preocupação. Mas pesquisei também, não fui só pelos meus instintos, busquei na internet, conversei com pessoas que estiveram lá e constatei que isso era um fato.
O outro ponto que me incomodava era o fato de, durante um ano, viver longe de família, amigos e namorada (voltaria a cada dois meses para passar uma semana no Brasil). Considerando ainda um fuso horário que dificulta bastante a comunicação, prejudicaria bastante meu lado pessoal/social.
Mas como meu chefe, Don Victor Carelli, diz, sejamos mais positivos, vejamos as coisas por outro lado: era, e ainda é, uma oportunidade profissional incrível. Mostrar disposição para viver em um país fora do leque de desejos de todos (EUA, Europa), trabalhar e implantar um projeto em uma cultura totalmente diferente da nossa, participar de um projeto mundial da minha empresa e ganhar uma boa visibilidade.
Também, enxergando por outro ângulo, é uma experiência fascinante do ponto de vista pessoal. Viver em outro país, seja ele qual for e pelo período que for, é uma boa experiência de vida. Conhecer outra cultura, outra religião, outra forma de vida, faz com que isso fique mais válido ainda.
E mais, tenho 27 anos, não tenho ninguém que dependa totalmente de mim. Se não fizesse isso agora, não faria nunca. As oportunidades vêm e cabe a você agarrá-las ou não. “Não deixe o trem passar...” me disse um mentor da minha carreira uma vez. E foi isso que fiz, entrei no trem e aceitei. Disse que estava disposto a negociar minha ida para Índia.

A História

Há uns dois meses atrás meu chefe me liga e diz – “Está disposto a tudo para progredir profissionalmente e alavancar sua carreira?” – Na hora respondi que sim e ao mesmo tempo veio a minha cabeça: “Ele quer que eu vá para China ou para Índia?”.
Alguns dias depois, conversamos e a proposta de trabalho era na Índia. Me disse o que era o projeto e quais condições ele tentaria negociar para minha ida. Me deu uma semana para pensar se estava disposto ou não a ir (essas coisas sempre são em cima da hora).