domingo, 25 de outubro de 2009

Goa

Dewali é o maior feriado do ano na índia (pelo menos em Baroda). Com isso aproveitei para fazer a primeira viagem dentro da Índia. A expectativa de conhecer outros lugares e entender se o Bafodão realmente representa a Índia ou não, impulsionou a viagem.
O destino escolhido foi Goa. Goa é o estado colonizado pelos portugueses. Na verdade, na época das grandes navegações funcionava como um porto, uma parada entre a China e a Europa. Hoje é o menor estado da Índia e, não, o português não é a língua oficial.
Escolhemos esse destino porque tem praia e é um lugar reconhecido pela beleza, resorts e local de descanso de celebridades, hollywoodianas ou bollywoodianas. Portanto consideramos ser um bom lugar para começar a explorar a Índia.
A viagem começa, claro, pelo vôo. Voar de dia pela Índia, ainda mais sobre o litoral, é muito interessante. A quantidade de rios, deltas, desembocando no oceano torna a paisagem muito bonita.
Chegamos a Goa que possui apenas um aeroporto em todo o estado. Mais uns 40 minutos de viagem de carro em direção ao norte para chegar ao local onde nos hospedaríamos. Logo na saída vimos dois elefantes. Pela primeira vez vi elefante pessoalmente aqui na Índia!
O caminho foi legal, a paisagem de Goa é muito parecida com a do Brasil e muito conservada. Mata fechada com uma estreita estrada de mão dupla conectando as diferentes vilas.
Chegamos a Calangute, vila que nos hospedamos. Ficamos num lugar tipo uma pousada, mas era um apartamento grande, com divisão entre o quarto e sala e cozinha. O lugar era limpo e bem ajeitado. Aqui na Índia ou você paga uma fortuna para se hospedar em resorts e hotéis 5 estrelas ou paga caro para ficar em locais como esse. Todas as outras opções não são confiáveis, você pode ir por sua conta e risco.
Chegamos já era final de tarde e resolvemos ir até a praia para conhecê-la. A praia estava apenas a cinco minutos de caminhada e, ao chegarmos, avistamos um larga faixa de areia fina e branca, um mar bonito com poucas ondas que quebravam bem perto da areia. A praia era muito bonita.
O ponto de interrogações ficou porque, em nossas buscas da internet, diziam que essa era a praia mais agitada de Goa. Mas não vimos infra-estrutura para esse agito. Apenas um bar estava na beira da areia e não se via outro por perto.
Decidimos então caminhar em direção a uma concentração de pessoas que avistamos no horizonte. Esse talvez tenha sido o grande erro do primeiro dia, porque quebrou o encanto.
Explico o porquê: Goa é turístico, é bonito, mas ainda está na Índia. Nessa caminhada de uns cinco quilômetros a inconveniência e insistência dos vendedores indianos com estrangeiros aflorou, a sujeira e a complacência com a sujeira (algumas garrafas no beira-mar e sacos, sapatos, chinelos na areia) ficou clara, cachorros (inúmeros) passeavam, mijavam e cagavam na areia, sem contar que “no agito” que vimos de longe só haviam indianos e algumas vacas, também da areia.
Mas tudo bem, a situação não era tão ruim assim. Pudemos ver algumas coisas engraçadas. A maioria dos indianos vai de roupa para praia, não só vão como entram de roupa na água. Alguns poucos homens (sem noção) acham que cueca é sunga e ficam assim. Vimos uma família inteira de roupa da água com toca de natação na cabeça, mulheres de sári e algumas de roupa e lenço, todos se divertindo. Indiano, em geral, (falo isso pelo povo aqui de Baroda e pelo o que eu vi por lá) não sabe nadar então eles ficam na areia, sentados, recebendo ondas, como crianças. O melhor foi o aluguel de jet-ski: você aluga para dar uma volta, mas o motorista vem junto. Você senta, ele se posiciona atrás de você e ele dirige! Você só recebe o vento e água na cara.
No dia seguinte resolvemos caminhar na direção oposta dessa muvuca. Perdemos um tempo driblando uns vendedores e começamos a caminhada. Queríamos ver se tinha alguma coisa diferente. Tudo igual! Em uns oito quilômetros vimos dois bares e só. No final da praia havia um resort, descansamos ali ao lado por alguns minutos e resolvemos voltar.
Um parêntese para esse dia. Meu sundown, brasileiro e companheiro de todas as horas, havia acabado. Na noite anterior compramos um Banana Boat, americano então deve ser bom. Uma bosta! Ao final do segundo dia estava todo queimado, vermelho igual pimenta.
No dia seguinte, e último dia, passamos o dia no bar, na beira da praia e na sombra. Minhas queimaduras pioraram e só o calor já me fazia sentir cozido. A grande vantagem de estar em Goa foi essa: o bar. Tomar uma cerveja sem burocracia e em público é até mais gostoso.
Então voltamos a realidade do Bafodão na segunda-feira de manhã. Passei segunda e terça me recuperando das queimaduras e o outros dias descascando, deixando pedaços de pele onde quer que eu fosse.
A experiência foi legal. Foi uma boa viagem, nos hospedamos em um lugar legal, tinha praia com a água na mais perfeita temperatura, bar com cerveja. E para mim, esses três pontos superam qualquer outro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Happy Dewali!

Dewali - também conhecido por Deepawli - é o maior feriado da India. É considerado o ano novo deles apesar de não ter uma passagem de ano (ninguém responde que ano estamos entrando). É o festival das luzes e cores, eles acendem velas, iluminam as casas e prédio de maneira muito parecida ao que a gente faz no natal e soltam fogos e bombinhas. Fazendo o paralelo, seria como uma festa de São João, Natal e Ano Novo integrados. O que mais me chamou a atenção foi um campeonato de Rangoli promovido para os funcionários da Alstom. Ragoli são desenhos feitos não chãos, com uma espécie de areia colorida, muitas vezes complementados com pétalas de flores e velas. O processo é teoricamente simples: faz-se um desenho no chão com giz e depois se começa a colori-lo. Mas o processo de dar cor ao desenho é feito, em sua maior parte, com a mão. Foi isso que me impressionou na criação. Ela não dá direito ao erro. Errou é muito difícil tirar a areia que já está lá. Outra coisa que também me fascina é a contradição do povo indiano. As mesmas pessoas que fizeram esses desenhos são pessoas que em seu trabalho não tem capricho algum, fazem sempre o mínimo funcional possível. Talvez o meu trabalho seja descobrir como tirar deles a mesma dedicação e cuidado para se fazer um Ragoli em seus dias de trabalho. Abaixo vocês podem ver os três primeiro lugares, em seqüência, no concurso da Alstom. Repito: Não é tinta, é uma areia colorida.

Grécia


Viver na Índia me proporciona certas coisas que provavelmente eu não poderia fazer ou faria mais tarde, em outra fase da minha vida. Uma dessas coisas foi a viagem para à Grécia nessas últimas férias. Dividimos os dias entre Atenas, Mikonos, Paros e Santorine, essas três últimas são ilhas turísticas.
Atenas é uma cidade muito legal. É incrível encontrar monumentos que estão de pé a mais de 2000 anos. Fico pensado o que construímos hoje que ainda estará aqui no ano 4000 dc? Acredito que nada. Outro lado bom de Atenas é sentar no bar e tomar uma cerveja. A parte turística da cidade é dividida em vielas nas quais se concentram lojas de lembranças, bares e restaurantes. Só de comer o Gyros Pitta, tradicional sanduíche grego, já vale a pena a visita.
Seguimos para Mikonos, a mais badalada das ilhas em que ficamos. Mikonos tem praias bonitas e uma vida noturna agitada. Tem festa na praia e no centrinho. Todas as casas da ilha são iguais – brancas com telhado azul – nenhuma colada nas outras. Algumas pequenas capelas familiares – essas com telhado vermelho – também são legais de serem vistas já que todas apontam suas portas para o por do sol.
Paros foi a que ficamos menos tempo e enfrentamos o pior clima. Frio e alguma chuva fizeram parte da nossa estadia. Mesmo assim pudemos aproveitar a praia pelas tardes. Tinha um porto onde ficamos, Naoussa, muito bonito com bares e restaurantes que não deixavam nada a desejar. Não conhecemos muito a ilhas, mas a impressão que deixou é que na alta temporada deve ser bom para passar o dia na praia nos bares que só funcionam nessa época do ano.
E, por último, Santorine. Santorine é uma bela ilha com uma geografia muito diferente (talvez por ser uma ilha vulcânica). Fomos a duas praias, as duas de areia preta e uma de pedras. Observamos o famoso por do sol de Oia (leia-se Ía) que realmente é bonito – curiosidade: após o por do sol as pessoas aplaudem o espetáculo.
Enfim, a Grécia é um lugar de boas praias, boa comida e bom entretenimento. Encontram-se pessoas de todos os tipos e todas as idades. Uma viagem para se fazer em qualquer época, do ano ou da vida, e sem duvida uma ótima viagem para se fazer a dois.