quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Cuidado com o que diz...

Morar no exterior é uma merda. Com o tempo você assume que a maior de todas as verdades é que ninguém pode te entender se você está falando o seu idioma nativo. Aí você dispara a falar todo o tipo de bobagem, afinal quem pode te repreender por qualquer uma delas se ninguém o entende?
Semana passada, seguindo o mesmo ritual de todo o final de mês, o hotel ofereceu aquele jantar para os hóspedes. Esse é aquele jantar que mencionei à algum tempo atrás no qual pude beber cerveja depois de um bom tempo. Enfim, fomos eu e um outro brasileiro que estava aqui para me ajudar no trabalho.
Chegamos, sentamos e começamos a conversar. Havia um casal – parecendo indiano – sentado muito perto. Enquanto o garçom os servia disse ao outro brasileiro que, muito provavelmente, aquele era mais um casal de indiano que vive na Inglaterra, como aparece em todo o jantar.
Continuamos a conversar e logo o tal “indiano” se direciona a nós e com um sotaque português carregadissímo nos diz – “Vamos falar português então?”. O casal – ela indiana e ele do paquistão (acho) – haviam morado por 13 anos em Lisboa e falam um português perfeito.
Ficamos conversando e descobri que os dois são artistas plásticos, hoje moram na Austrália, e estão aqui em Baroda porque foram convidados para dar algumas aulas na universidade daqui.
Mais no final do jantar vi o gerente do hotel em outra mesa apontando para nós e dizendo que eramos brasileiros. Nisso veio um cara – “Vocês são brasileiros?” – era um alemão sem sotaque algum. Morou por 20 anos no Rio de Janeiro e estava na outra mesa contando a vida no Brasil. Conversamos rapidamente porque eu já estava indo embora.
O que fica desse episódio é que devemos sempre ter cuidado. Nesse dia, na mesma sala que eu, em Baroda, na Índia, do outro lado do mundo, haviam três pessoas capazes de me entender perfeitamente. Extrangeiros que dominam o português. Sorte que era um dia sem inspiração, então não deu tempo de soltar nenhuma bobagem antes que eu pudesse descobrir isso.

sábado, 16 de agosto de 2008

Ponto de Vista

Assistir a um evento tão grande quanto as olimpíadas em outro país é uma experiência muito interessante. Ainda mais quando esse país possui um gosto tão diferente por esportes.
Aqui na Índia, os esportes mais populares do mundo ficam em segundo plano. Eles gostam de esportes que a maioria de nós nem sabe da existência. E isso se reflete na maneira em que eles transmitem os jogos.
Para começar dos seis canais de esportes que eu tenho disponíveis, apenas um está transmitindo os jogos olímpicos. Para os outros canais, é como se esse evento não existisse, eles continuam transmitindo seus jogos de cricket, torneios de golfe e outras coisas que só os indianos assistem.
Então, esse tal canal, tenta transmitir tudo e no final não transmite nada. Isso porque eles ficam cortando de um esporte para o outro. Além disso, quando conseguem se focar em alguma coisa, se focam naqueles esportes que a gente nem sabe que tem nas olimpíadas, ou naqueles que a gente só vê os resultados.
Como consequência, tenho acompanhado na integra partidas de hóquei da grama (masc e fem), badminton (masc, fem e em duplas), provas de tiro e arco e flecha e ontem, durante as provas de atletismo, pude ver lançamento de disco e peso e 3000 metros feminino com obstáculos!
Imaginem o que é acompanhar um campeonato de tiro ou arco e flecha? Nada mais monótono e devagar que isso. São dois tipos de esporte para se saber o resultado, não assistir! O pior é que um indiano ganhou o primeiro ouro do país em 300 anos, aí eles ficam repetindo isso toda hora.
Arremesso de disco e peso não são muito diferentes do campeonato de tiro. Cada um dos competidores vai lá, se concentra, arremessa e, quase sempre, se lamenta.
Agora, imagina o que é 3000 metros femininos com barreiras!!! A minha pergunta foi: “Cara, para que as barreiras?”. Não é uma prova de velocidade, portanto não exige técnica saltar as barreiras. Pouco antes da barreira elas só têm que acertar o passo e pular. O pior é que umas das barreiras tem uma piscina logo depois. O que é isso? Parece adestramento de cavalo...
No final, futebol, volei, handebol, basquete e provas curtas da natação e atletismo, coisas que são realmente emocionantes de ver, ficam todas em segundo plano. Mostram o resultado ou mostram entre um corte e outro no jogo de badminton.
Tudo isso é, no mínimo curioso, porque se transmitem assim é porque dessa maneira dá uma boa audiência. O que mostra que o indiano é um povo realmente diferente.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Grandes Mitos do Emagrecimento

Pessoas fora de forma sempre buscam ler sobre o assunto e descobrir maneiras de perder peso com novos hábitos, regimes milagrosos e coisas do gênero. Aqui na Índia pude provar a ineficácia de várias dessas recomendações:

  • Tomar um bom café da manhã desperta o metabolismo e faz com que se queime mais calorias: a maior vantagem de se morar em hotel é o café-da-manhã. Todos os dias tomo um café da manhã com torradas, frutas, água de coco e um capuccino para acompanhar. De nada adiantou.
  • Cerveja engorda: tomei quatro copo de cervejas durante esses seis meses que estou aqui e não perdi nenhum grama.
  • Não é a cerveja que engorda, são os acompanhamentos: acompanhando esses quatro copos de cerveja vieram apenas petiscos grelhados, sem muito molho e continuei na mesma.
  • Evitar carne vermelha emagrece e faz bem: não comi um grama de carne vermelha nos últimos seis meses e também não perdi nenhum grama, falta o exame de sangue pra comprovar se o colesterol baixou.
  • Pimenta acelera o metabolismo e emagrece: puta bobagem! O indiano põe pimenta até na salada e também não me ajudou em nada.
  • Suar emagrece: Suar dá é sede! Nesse pais que faz 40 graus na sombra, suo como um porco quando estou fora do escritório, e também não fui capaz de mudar minha forma.
  • Dormir bem emagrece: Na falta do que fazer nunca tive uma vida tão regrada. Durmo cedo e acordo cedo, quase nunca estou cansado e nada...

Enfim, nesse meu tempo de Índia, os quilos que achei que iriam embora não foram e uns poucos novos se uniram aos antigos. Decidi voltar a fazer esteira nas últimas semana para pelo menos deixar esses quilos indianos aqui. Vamos ver o que acontece...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Inferno Astral

Algumas pessoas dizem que as vésperas de aniversários as pessoas costumam passar por uma fase de inferno astral. Pois é! O meu veio exatamente na véspera.
Trabalhei o dia todo normalmente e antes de ir embora desliguei meu computador. Cheguei em casa e, como de costume, liguei o computador novamente. Ou melhor, tentei ligar. Não iniciava! O computador ligava mas o sistema não iniciava e retornava uma mensagem de erro no disco.
Tentei de várias maneiras colocar para funcionar e nada. O jeito foi esperar o dia seguinte para perguntar para as pessoas de TI da empresa se dava para consertar. Não dava! Problema irrecuperável. Para minha sorte, um pouco antes das minhas férias, eu fiz um backup, então não perdi nada crucial.
No dia do aniversário, na volta do trabalho, meu carro ainda quebrou e tive que esperar mais de uma hora por outro carro para me buscar no caminho. Mas no final deu tudo certo e ainda saí para jantar com outros dois brasileiros.
Agora estou com um computador temporário bem meia-boca e estou correndo atrás de comprar outro. Aqui na Índia essas coisas custam metade do preço que no Brasil, então estou aguardando a resposta da empresa de quanto posso gastar nisso.
Era isso. Nada muito especial sobre a Índia ou sobre como morar aqui. Mas foi um aniversário diferente, sozinho do outro lado do mundo, isolado sem internet e, no final, não foi ruim, apenas diferente.