sábado, 20 de setembro de 2008

Despedida

Essa foi minha última semana de trabalho em Baroda e durante a semana tivemos dois eventos de despedida.
O primeiro, em um hotel, fizeram um jantar somente para a gerência da fábrica e os outros brasileiros. Conseguiram colocar bebida (cerveja e wisky) no jantar, coisa rara aqui no estado de Gujarat. Ficamos por lá conversando, bebendo. Me entregaram presentes e me agradeceram pelo trabalho realizado. Depois jantamos e voltamos para casa.
O segundo evento foi na sexta-feira mesmo, meu último dia de trabalho. Juntaram todos que tiveram algum contato comigo no restaurante da fábrica e, após uma seção de discursos, comemos um lanche tipicamente indiano. Me deram mais um presente, desta vez vindo dos process owners do projeto, uma roupa indiana.
Mas o que mais me emocionou mesmo foi um vídeo surpresa que fizeram para mim. Os gerentes e o pessoal da equipe que trabalhou comigo gravaram depoimentos sobre mim e meu trabalho, fizeram a edição do vídeo e ficou muito legal. Uma lembrança para vida toda. Infelizmente ainda não estou trazendo-o comigo porque não conseguiram gravar no DVD, mas prometeram me enviar assim que possível.
Saio daqui triste por sair no meio de um projeto, mas feliz de voltar para casa. Com a sensação de dever cumprido e reconhecido por isso. Só tenho a agredecer pela equipe de Baroda e o suporte de todos os que estão por lá. Obrigado!

domingo, 14 de setembro de 2008

Coisas que Aprendi na Índia - VIII

-Jayaraman, do you know "The Beatles"?
-Who?
-The Beatles!
-What is that???
-Unbelievable... Ashok, do you know "The Beatles"?
-I've heard...
-You guys don't know who are John Lennon and Paul McCartney!?
Cara de pastel...
Foi aí que eu aprendi que a Índia é realmente outro mundo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Freakonomics

Não sou economista. Muito pelo contrário, conheço muito pouco do assunto. Sei o que é bom e o que é ruim para um país, mas não entendo exatamente como essas variáveis se relacionam e o que deve ser feito para que as coisas melhorem.
Mas depois de sete meses aqui na Índia, posso dizer que, como brasileiro, preciso falar sobre uma injustiça que fazem com o nosso país. Deixei claro que não entendo de economia porque essa é uma opinião de cidadão, sem embasamento técnico.
Não existe o menor cabimento em comparar o crescimento econômico do Brasil com o da Índia. E isso é um comentário feito constantemente – o Brasil está muito mal, crescemos somente 4% ao ano enquanto a Índia cresce 8% ou 9%.
Primeiro, como consumidor, posso dizer que prefiro crescer 4% com uma inflação de 5% ou 6% ao ano, do que crescer 8% com uma inflação de 12%. E esse é o cenário aqui. Já convivemos no passado com inflações absurdas e talvez aqueles que estão entrando no mercado de trabalho não se lembrem como era isso. O fato é que a inflação na Índia é mais perceptível nos mercados.
Do ponto de vista do trabalhador, prefiro morar em um país que cresce 4% mas com um salário mínimo de R$415,00, e não em um que cresce 8% com salário mínimo de R$150,00. Muitas pessoas trabalham ilegalmente aqui para conseguir algum dinheiro. Sem seguro de saúde, sem condições de segurança e sem aposentadoria. São empregos com margem de lucro zero, trabalham para conseguir pagar a janta.
Como empresário, prefiro ter minha empresa em um país que cresce 4% ao ano, mas sem preocupação com problemas de energia elétrica, do que em um que cresce 8% mas as faltas de energias são constantes, as vezes por horas. Aqui todas as empresas tem geradores próprios, existe um rodízio de energia para que as empresas não a utilizem todas ao mesmo tempo. Tem dias que não se consegue trabalhar pois não há energia para ligar os computadores.
O crescimento da Índia se dá baseado na exploração da mão-de-obra baratíssima, de uma estrutura ferroviária muito boa, apesar de lenta, e do fato que é uma cultura industrial recente. Não existiam muitas empresas na Índia no passado, agora é que elas estão se instalando devido ao baixo custo. Para ter uma idéia do que estou dizendo, o engenheiro que trabalha comigo, foi assistir televisão pela primeira vez a vinte anos atrás.
No fim é preciso entender que o crescimento econômico se dá através de um nivelamento. O que quero dizer é que, após a globalização, os países mais atrasados tiveram, e ainda tem, mais espaço para crescer mais rápido, mas não isso não significam que estão a nossa frente, mas sim que estão, aos poucos, chegando ao nosso nível econômico.
Não acho que vivemos em um país perfeito, muito pelo contrário. Mas viver em um país mais atrasado te faz valorizar mais coisas. Ainda acha que o Brasil deveria crescer como a Índia? Então venha morar aqui para ver os “benefícios” desse crescimento...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Está aberta a contagem regressiva!!!

Hoje faltam exatamente 10 dias para eu sair daqui de Baroda. Minha missão aqui já está acabando. Como citei na postagem anterior, o outro consultor, que chegou para me substituir já está aqui e estamos nos preparando para que ele dê continuidade ao que estava sendo feito até agora.
Planejo sair daqui dia 19 e ir para Delhi, vou aproveitar para conhecer a cidade e o Taj Mahal. De lá volto ao Brasil, muito provavelmente sem parar pela Europa. Vou ter apenas duas semanas de férias e preciso ajeitar minha vida novamente no Brasil então acho que não vou ter muito tempo para isso.
Foram sete meses morando em solo indiano, período no qual aprendi muito, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente, mas ao mesmo tempo um período de muita solidão, onde meus maiores companheiros foram meu Ipod e meus pensamentos.
Se valeu a pena? Plagiando o poeta: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

domingo, 7 de setembro de 2008

Domingo no Parque

Hoje pela primeira vez saí para realmente conhecer Baroda. Aproveitei que o consultor que chegou para me substituir chegou e pedi um táxi para passar pelas construções tipicamente indianas de indiana e alguns pontos turísticos.
Começamos pelo prédio da universidade e tirei uma foto pelo lado de fora. Infelizmente a universidade estava fechada, então não pudemos entrar para tirar fotos de mais detalhes. De lá fomos ver o relógio de jardim que fica dentro de um parque. Esse parque é um lugar interessante, tem o parque, um museu e um zoológico. Fomos ao zoológico e, apesar de alguns animais mal cuidados, valeu a visita.
De lá passamos em um templo muito bonito que tem as paredes forradas de alumínio e então fomos ver a estátua de Shiva, uma grande estátua no meio de um lago. Esse lago fica no que chamam de cidade velha, não é um bom lugar, mas é onde ficam as construções mais antigas. Lá pudemos ver um pequeno palácio e um dos portais da cidade.
A última parada foi no palácio Lukshmi Vilas (o mesmo que fui no início da minha estadia), construído pelo marajá da cidade em 1890, hoje é um museu sobre a história do próprio palácio e os herdeiros da família ainda moram por lá.
Voltamos para o hotel e, depois de almoçar, fomos a piscina. Pela primeira vez em seis meses entrei na água, que estava bem agradável e descobri uma mesa de ping-pong no hotel. Jogamos e depois subimos para ver a fórmula 1.
Quanto ao passeio na cidade, tirando o zoológico, não vi nenhum lugar novo, mas pela primeira vez pude registrar. É uma pena que a Índia não investe mais em turismo, todos os lugares restringem o uso de máquina fotográfica e a falta de conservação do lugares é clara.
Foi um bom domingo, é muito diferente poder fazer alguma coisa acompanhado pela primeira vez de alguém da sua idade. Sem dúvida, mais divertido.