domingo, 16 de maio de 2010

Fronteiras

Outro dia, lendo o livro “Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal” de Allan e Barbara Pease, eles expõem que pessoas têm uma zona territorial e que, dependendo da cultura, podia ser maior ou menor. Sabe quando tem muita coisa a sua volta na mesa do almoço? Aí isso te incomoda e você começa a afastar tudo? Pois é, isso te incomoda porque os objetos estão dentro de sua zona territorial.
Enfim, comecei descrevendo isso sei lá o porquê. Não vou discutir territórios pessoais, mas territórios mesmo e o fato de que aqui na Índia, mais precisamente no Bafodão, isso não existe. Aqui muros não são para colocar limites, são apenas para dizer que... Sei lá! Apenas estão lá.
Explicando melhor: Muros por aqui são baixos, em geral entre 1 e 2 metros, não mais que isso. Aqui em casa, todo final de tarde, as crianças do condomínio entram no meu quintal como se fosse uma extensão da casa delas. Entram de bicicleta, correm, gritam, pulam o muro para um lado, pulam para o outro. Não raramente chego em casa e encontro bicicletas “estacionadas” na minha garagem.
Minha casa fica de lado para área comum do condomínio: um grande gramado, com brinquedos para crianças e um salão de jogos e ginástica. A saída dessa área fica do lado oposto ao da minha casa, razão pela qual, quando precisam ir para as casas do lado da minha simplesmente atravessam o meu jardim, pulam na minha garagem e continuam como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Hoje de manhã mais um exemplo dessas “invasões” aconteceu. Acordei e, como todos os dias, segui meu ritual de abrir todas as portas para que o ar circule e a casa fique mais fresca. Qual não foi minha surpresa quando abri a porta da frente e dei de cara com um carro na minha garagem? Continuei abrindo as portas e cortinas e vi que estava tento uma festa no vizinho. Fiquei olhando para lá, lógico que o carro era de algum convidado sem noção.
Uns cinco minutos depois veio um cara para o carro e pensei comigo “Beleza, alguém avisou o sem noção que tem gente aqui e ele veio tirar o carro”. Fiquei de olho, o cara abriu a porta, entrou no carro, fechou a porta e... pegou o celular e começou a conversar!!! Não fez nem menção de ligar o carro! Fui lá! Cheguei na janela e perguntei para o cara – “Você vai tirar o carro?” – resposta: “Guereguereguere”. Nada me irrita mais do que um Mané indiano olhar para mim, com meu semblante o cor de pele que me denunciam que não sou indiano e começar a falara em híndi.
Cortei o cara com meu mais fino híndi: “Hindi nahim hain! English only!”“Sorry, sir. No English”“Are you moving the car?” – acompanhado com um gesto com as mãos – “Yes, sir”. Entrei em casa e o cara tirou o carro.
Mas vai ser sem noção assim lá em Baroda!!! Se eu não fosse lá, certeza que o cara ia deixar o carro na minha garagem. Enfim, como diz no slogan turístico: “Welcome to incredible India”.

3 comentários:

Bruno Bordeaux disse...

Caraca! Bizarra essa história! Fiquei imaginando vc puto expulsando a galera ahahahahahahhaha... Publica umas fotos da tua nova casa qdo puder! abração!

Unknown disse...

Mon petit, je suis tout à fait d'accord avec toi. La pire des choses, c'est l'invasion de domaine. Il faut que tu mettes une portière bien haute pour que personne n'entre.
Bisousjuguifaale

Jana Viscardi disse...

estava vendo posts antigos... fiquei indignada com esse aqui. rs. bitoca