domingo, 22 de junho de 2008

Chove Chuva!

“Monção é a designação dada aos ventos sazonais, em geral associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes áreas das regiões costeiras tropicais e subtropicais.
O efeito de monção é causado pelo aparecimento sazonal de grandes diferenças térmicas entre os mares e as regiões continentais adjacentes nas zonas próximas dos bordos externos da célula de Hadley. A diferença de temperaturas gera-se devido à muito menor capacidade térmica das superfícies emersas face às regiões marítimas...”
Concorda que é chato? E foi por isso que não prestei atenção nas minhas aulas de geografia e, até agora, não me interessava por isso. Continuo sem saber o porquê acontece (apesar do texto acima tentar explicar), mas o fato é que acontece, e é impressionante.
Durante meus quase quatro meses aqui era quase impossível ver uma nuvem no céu. O sol escaldante daqui da Índia incidia diretamente sobre nossas cabeças. Mas nas últimas duas semanas isso tem mudado.
Durante quase todos os dias quase não se vê o sol. Nuvens estão em seu lugar. Quase sempre carregadas. Ventos, até então inexistentes, começam a mostrar sua cara. E algumas chuvas torrenciais põem-se a cair.
Todo esse movimento é o inicio da famosa monção. E é o assunto do dia: “Chove?”, “Não chove?”, “Você viu a chuva em Mumbai?”, “Parece que aqui começa na próxima semana”. Nas ruas, no trabalho e na TV esse é o assunto do momento.
E o mais impressionante é que apesar de todo o estrago que a chuva traz – doenças, alagamento e destruição – os indianos gostam. Pelas ruas se vê na cara das pessoas que todos estão mais felizes. Quando a chuva cai é como se fosse um momento mágico e as pessoas se molham seja caminhando ou andando em suas motos, sem problemas, é só chuva.
O chapadinha – um outro brasileiro que está aqui há quatro anos – diz que indiano espera a chuva de boca aberta. E essa é a verdade. Eles sabem que depois desse mês e pouquinho de chuva, só o ano que vem. Então eles aproveitam e festejam, afinal, inegavelmente, a água traz seus benefícios.

Brasileirinho

Hoje foi um dia verde e amarelo. Acordei cedo, coloquei minha camisa do Brasil e fui dar uma volta pela cidade com os outros dois brasileiros. Pegamos um Riquixá – também verde amarelo – e fomos para o centro.
Rodamos pelo shopping e passamos por um supermercado. Lá, na prateleira de importados, encontrei aqueles bolos da Bauducco. Comprei! Apenas para matar saudade e sentir o gostinho de um produto brasileiro.
Voltamos para o hotel, almoçamos e combinamos de assistir a corrida juntos. E foi durante a corrida que, juntos, acabamos com o gostoso bolinho de laranja brasileira. E foi no final da corrida que vimos um brasileiro, Felipe Massa, no lugar mais alto do pódio e alcançando o primeiro lugar no campeonato.
Sem dúvida o dia mais brasileiro que tive aqui na Índia.

sábado, 14 de junho de 2008

Coisas que aprendi na Índia - V

Aquele que cita o nome “fila indiana” para descrever uma fila organizada, com uma pessoa atrás da outra, com certeza, nunca esteve na Índia. Nada que se pareça com uma fila aqui é respeitado, seja no supermercado, no shopping, no aeroporto ou no transito, o negócio é se amontoar e passar na frente.

domingo, 8 de junho de 2008

O Dia da Marmota

Nunca tive uma vida tão regrada como aqui na Índia. Acordo todos os dias no mesmo horário, tomo o mesmo café-da-manhã e saio na mesma hora para o trabalho. Volto do trabalho quase sempre na mesma hora, assisto a mesmas séries de TV e entro nos mesmo sites na internet. Se não fosse a rotina do trabalho, que está sempre mudando, estaria fazendo exatamente as mesmas coisas todos os dias.
É quase como se estivesse vivendo naquele filme que tantas vezes passou na Sessão da Tarde, “Feitiço do Tempo”. Para quem não lembra, o personagem principal, vivido por Bill Murray, vai cobrir o Dia da Marmota em uma pequena cidade do interior e acaba preso à esse dia.
Isso pode ser sentido por aqueles que falam comigo constantemente. Porque, literalmente, eles que falam, eu apenas escuto. Não tenho novidades para contar, apenas sobre trabalho e acho chato ficar conversando sobre isso.
E nessas horas que a gente sente falta daquela vida desregrada, cheia de surpresas e imprevistos e que sempre reclamamos que não dá tempo de fazer tudo o que queremos.