domingo, 31 de maio de 2009

Cabelo! Cabelo! Cabeleira!

Cortar os cabelos é um ato de fé. Você vai a um lugar normalmente branco e perfumado com cara de paraíso. Senta em uma cadeira que te eleva a um nível mais alto (mais perto do céu). Nesse momento te colocam um avental e fazem um ajuste que reduz a oxigenação do seu cérebro a 50% do normal. E então vem o verdadeiro ato de fé: você entrega a sua cabeça e cabelos a um desconhecido com uma tesoura na mão.
É importante entender que depois de cortado o cabelo, não tem volta. Aquela tradicional cerimônia de mostrar a sua nuca através de um jogo de espelhos é uma mera formalidade. Se ficou ruim já era. Você passará um a dois meses usando gel, boné, gorro e qualquer outro artefato que possa disfarçar o desastre que se assolou em seu cabelo.
Essa situação fica ainda pior quando você está em outro país onde os cortes de cabelos são diferentes e dificilmente você encontrará um cabeleireiro que te entenda.
O ano passado, nos meu sete meses de Índia, raspei – eu mesmo – sistematicamente minha cabeça. Tinha minha máquina, me colocava na frente do espelho e começava um processo que durava aproximadamente uma hora entre forrar o chão raspar a cabeça e, ao final, dar uma limpada no ambiente.
Esse ano, devido à presença da mulher por aqui, a possibilidade de manter meu visual rasputim foi vetada. Sendo assim, depois de algumas semanas sofrendo com uma juba digna de leões africanos me arrisquei e fui cortá-la.
As opções aqui são várias, vão desde espelhos pendurados em arvores com uma cadeira na frente, passando por caixotes de madeira com o hairstylist dentro e salões de beleza profissionais. O preço varia de Rs20,00 à Rs400,00 (de R$1,00 a R$20,00).
Resolvi ir à um salãozinho no shopping. Paguei meus R$10,00 pelo corte com direito a lavagem. Mais do que nunca foi uma ato de monitoramento contínuo a cada tesourada eu fazia uma avaliação do que estava acontecendo, quase não pisquei.
Mas no final foi bom. Bom, não como deveria, mas bom. Mas, como ato de fé também exige segurança, o salão ganhou um cliente. A próxima vez que precisar irei lá, talvez um pouco mais relaxado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Votar é um direito de todos

Essa frase, muito comum nos tempos de eleições no Brasil, se torna uma grande dificuldade quando falamos de Índia.
A Índia é a maior democracia do mundo com mais de 700 milhões de eleitores, direito dado àqueles com mais de 18 anos. Por esta razão eleições aqui é complicada, garantir urnas, contagem de votos, segurança para todos esses votos é uma grande operação.
A conseqüência disso é que o voto não é obrigatório e não existe um dia de eleição, mas sim um período eleitoral. Durante esse período, de quase um mês, estados e cidades votam em diferentes dias para eleger seu parlamento.
Como república parlamentarista o povo elege seu presidente e o parlamento. O presidente elege então o primeiro ministro que, após a aprovação do parlamento, toma posse e passa a governar o país. A figura do presidente é mais representativa, apesar de ele ser o chefe supremo das forças armadas e protocolar todas as leis propostas pelo parlamento.
Explicado o contexto começam as esquisitices e curiosidades.
Primeiro, há algum tempo, começou uma disputa sobre quem iria sediar a liga nacional de críquete indiana: Inglaterra ou África do Sul. Como assim? A liga nacional será realizada em outro país? Na época achei que era mais uma das loucuras da Índia, mas depois descobri que a polícia disse que não conseguiria garantir a segurança da liga e das eleições ao mesmo tempo. Continuei achando tudo meio louco, mas pelo menos tinha um motivo da loucura.
Depois descobri que, devido à alta corrupção, as policias trocam de estado para fazer a segurança da eleição. Seria como se a policia do Paraná fizesse a segurança das eleições em São Paulo para evitar fraudes eleitorais.
O dia das eleições aqui em Baroda, e acredito que em todo o estado de Gujarat, foi uma quinta-feira. Por causa disso não trabalhamos e os indianos foram cumprir seu dever cívico. Não entendendo porque não fizeram a eleição no final de semana – até então não tinha me ligado na quantidade de eleitores – pedi explicações e fui informado que a eleição era em diferentes dias dependendo da região porque não tem urna para todos. (Cara de pastel... Hein?!)
A última curiosidade é que quando o indiano vai votar ele tem que levar seus documentos, assim como no Brasil, ele só pode votar em uma zona eleitoral específica, assim como no Brasil, e, nessa eleição, foi introduzida a urna eletrônica, assim como no Brasil. Mas, lógico, tinha que ter alguma coisa fora do padrão. Após votar, para evitar que você vote mais de uma vez ou que vote pelos outros eles fazem uma marca no dedo indicador direito – razão que as mulheres não podem pintar essa unha no dia de votar –, com uma tinta que só sai uns 15 dias depois. Não podia ter um livro que você assina e pega o comprovante, evitando que você vote mais de uma vez, assim como no Brasil?...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sumiço!

Vim, Vi e Sumi! Hoje entrei no meu blog e vi que já fazem três meses que eu não posto nada. E o mais interessante: desde que voltei permanentemente para a Índia não coloquei mais nenhum informação. Ora essa! Mas o blog não era justamente para contar as coisas daqui?
A razão do sumiço se dá por vários fatores. O fato de eu ter voltado para gerenciar o processo de melhoria por aqui está fazendo com que eu trabalhe bem mais. Jornadas diárias de 9 ou 10 horas de trabalho são comuns (o Pasta deve estar muito orgulhoso de mim) e deixam menos tempo para usar a internet.
A vida de casado também te deixa com muito menos tempo de internet já que têm coisas mais divertidas para se fazer. E um terceiro motivo talvez fosse porque eu estava no hotel, com uma internet cobrada por hora e cara.
Agora vou tentar uma ressurreição, ver se coloco alguma coisa por aqui pelo menos uma vez por semana para vocês se divertirem. Tantas coisas se passaram e eu não contei: as eleições e a liga nacional de criquet, o trabalho, escolha da nova casa, o cotidiano e a nova Baroda que estou descobrindo aos poucos. Vamos ver se tiro o atraso...